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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Juventude Democratas: os conservadores no movimento estudantil

Artigo por Theófilo Rodrigues

O movimento estudantil, ponta de lança dos movimentos sociais, sempre esteve ligado às grandes lutas da sociedade brasileira. Lutou contra o nazismo, pela campanha O Petróleo é nosso, pela Campanha da Legalidade, pelas Diretas Já, pela Reforma Universitária e pelo impeachment de Collor. O movimento estudantil sempre esteve em defesa de uma sociedade mais justa. Quer dizer, quase sempre...

De 1950 a 1956, a UNE viveu sua fase direitista, comandada por um grupo ligado à União Democrática Nacional (UDN). Em 1949 a União Metropolitana de Estudantes (UME) elegeu presidente da entidade Paulo Egydio Martins, da linha direitista. A UME é a antecessora da UEE-RJ. Em 1950 o XIII Congresso da UNE elege Olavo Jardim Campos presidente da entidade. Começa a fase de domínio da direita na UNE que irá durar até 1956 com a eleição de José Batista de Oliveira Júnior no XIX Congresso, quando os estudantes progressistas recuperam o domínio da UNE.

Os "DEMOCRATAS" que conhecemos hoje são herdeiros das facções conservadoras da UDN, antigo partido político brasileiro que existiu de 1945 até 1964. Para quem não lembra a UDN era o partido de Carlos Lacerda, governador da Guanabara que, atendendo aos interesses imobiliários, financiadores de suas campanhas políticas, retirava a população pobre de favelas da Zona Sul e as enviava para áreas remotas, como é o caso da Cidade de Deus, em Jacarepaguá. Além disso, a UDN mantinha sua postura golpista tentando retirar o presidente Jango do poder a qualquer custo.

Com o golpe militar em 1964 o bipartidarismo foi implementado no Brasil e a UDN se transformou em ARENA (Aliança Renovadora Nacional), o partido de sustentação da Ditadura militar. Em 1980, o pluripartidarismo foi legalizado novamente e a ARENA foi rebatizada de Partido Democrático Social (PDS). Em 1984, o vice-presidente Aureliano Chaves tentou lançar-se candidato a presidente pelo PDS para enfrentar Tancredo Neves, do PMDB. Após perder a disputa interna para Paulo Maluf, Aureliano decidiu abandonar a legenda juntamente com nomes como Marco Maciel e Jorge Bornhausen e fundar um novo partido, o Partido da Frente Liberal (PFL), dando um apoio fundamental para a eleição de Tancredo.

Com forte atuação dos coronéis e caciques no Nordeste, o PFL teve por muitos anos o domínio eleitoral da Bahia, principalmente através de Antônio Carlos Magalhães.
Recentemente, o PFL, ao perceber sua decadência política mudou de nome para "DEMOCRATAS" numa tentativa de criar novo fôlego político. Seu novo presidente, Rodrigo Maia, é filho do prefeito da cidade do Rio de Janeiro, César Maia.

Conforme podemos observar no sítio virtual do DEM "a Juventude Democratas tem como missão atrair para a militância política parcelas expressivas da juventude brasileira. É um grupo de caráter político e cultural e um órgão de ação e preparação política da juventude, presente em todos os estados brasileiros". O manifesto diz ainda que a Juventude Democratas atua "no movimento estudantil, em diretórios do partido, entidades de classe, clubes de serviço, organismos não governamentais e setores de promoção cultural, social e de proteção ao meio ambiente".

Em Santa Catarina a Juventude Democratas já obteve sucesso. O ex-presidente do DCE da FURB, Alan Schoeninger, assumiu a vice-presidência da União Catarinense dos Estudantes – UCE. Na Universidade de Uberaba foi a mesma coisa. Na UFAM a mesma coisa. Na PUC-Rio o estudante de direito Marcelo André foi eleito no ano passado presidente do DCE. Marcelo é filiado ao DEM e foi candidato a vereador esse ano. No caso da PUC-Rio os conservadores não pouparam esforços: pagaram pessoas para panfletar na universidade e usaram de mecanismos escusos para impedir que as chapas opositoras passassem em salas de aula para debater com os estudantes. No dia seguinte à eleição de Marcelo André, o prefeito César Maia comemorou a vitória de seu pupilo em seu Ex-Blog.

Em tempos em que a direita se sente acuada, vendo seu projeto neoliberal encontrar resistência por parte dos movimentos sociais organizados, é preciso ter o máximo cuidado. Por mais acuados que estejam, os conservadores estão vivos e dispostos a retomar os postos de controle da sociedade. Seja pela via econômica, seja através de golpismos. Nós, os progressistas, precisamos estar de olhos bem abertos, para que esta movimentação não logre sucesso. Precisamos ter bem claro quem são nossos aliados e quem são nossos inimigos. Que a Juventude Democratas não encontre espaço para respirar no movimento estudantil. Essa é a tarefa do coletivo universitário da União da Juventude Socialista.

Theófilo Rodrigues – Estudante de Ciências Sociais da PUC-Rio, Diretor de Comunicação da UEE-RJ, membro da Direção Estadual da UJS-RJ e Coordenador do Coletivo Universitário da UJS-RJ.

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