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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Fidel Castro: Contradições entre política de Obama e ética

O líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, reiterou seus questionamentos ao sistema político americano, como negação de todo princípio justo e formulou várias perguntas ao presidente Barack Obama.
Em um artigo intitulado "As Contradições entre a política de Obama e a Ética", Fidel questiona a disposição do presidente americano a renunciar a prerrogativas como a faculdade de ordenar o assassinato de um adversário político estrangeiro, que tem sido sempre apontada contra mandatários de países subdesenvolvidos.
Também indaga sobre o conhecimento de Obama sobre ações contra Cuba das sucessivas administrações americanas, inclusive a invasão mercenária da Praia Girón (Baía dos Porcos), campanhas de terror, introdução abundante de armas e explosivos, entre outras parecidas.
O líder cubano pergunta se Obama sabe que a ilha, durante décadas inteiras, foi vítima da introdução de vírus e bactérias portadoras de enfermidades e pragas, que afetaram pessoas, animais e plantas, assim como da aplicação da Lei de Ajuste Cubano e o criminoso bloqueio que já perdura por meio século.
Leia abaixo a íntegra do artigo, publicado na última quarta-feira pelo site Cubadebate.
Assinalei há vários dias algumas idéias de Obama, que indicam o seu rol dentro de um sistema que é a negação de todo princípio justo.
Há alguns que se rasgam as vestiduras se for exprimida qualquer opinião crítica sobre a importante personagem ainda que se faça com decência e respeito. Isto vai acompanhado sempre de sutis e não sutis dardos daqueles que possuem as mídias para divulgá-los e os transformam em componentes do terror mediático que impõem aos povos para manter o insustentável.
Qualquer crítica minha é qualificada sem exceção de arremetida, acusação e outros substantivos similares, que refletem desconsideração e descortesia com a pessoa à qual vão dirigidas.
É preciso nesta ocasião fazer algumas perguntas que o novo presidente dos Estados Unidos deveria responder, entre as muitas que podem formular-se.
Por exemplo, as seguintes:
Renuncia ou não à prerrogativa como Presidente dos Estados Unidos, dos que com muitas poucas exceções exerceram pelo mesmo cargo, como um direito "per si", a faculdade de ordenar o assassinato de um adversário político estrangeiro que quase sempre é o de um país subdesenvolvido?
Por acaso algum dos seus variados colaboradores lhe tem informado alguma vez das tenebrosas ações que os presidentes, desde Eisenhower e os que o substituíram, levaram a cabo durante os anos 1960, 61, 62, 63, 64, 65, 66 e 67 contra Cuba, incluída a invasão mercenária de Girón, campanhas de terror, introdução de abundantes armas e explosivos no nosso território e outras ações parecidas?
Não pretendo culpar o Presidente atual dos Estados Unidos Barack Obama, por fatos que os seus antecessores presidenciais levaram a cabo quando ele não havia nascido ou era apenas uma criança de 6 anos nascida no Havaí, de pai queniano, muçulmano e negro e mãe americana, branca e cristã. Isso, pelo contrário, constitui na sociedade dos Estados Unidos, um mérito excepcional, que sou o primeiro em reconhecê-lo.
Conhece o Presidente Obama que o nosso país, durante décadas completas foi vítima da introdução de vírus e bactérias portadoras de doenças e pragas que afetavam pessoas, animais e plantas, algumas das quais, como o Dengue Hemorrágico, se tornaram posteriormente em flagelos que custaram a vida a milhares de crianças na América Latina e também pragas que afetam a economia dos povos das Caraíbas e o resto do continente, com prejuízos colaterais que não tem podido ser eliminados?
Conhecia que nestas ações de terror e prejuízo econômico participaram vários países politicamente subordinados, da América Latina, hoje envergonhados com o dano que fizeram?
Por quê se impõe ao nosso povo, único caso no mundo, uma desorganizada Lei de Ajuste Cubano que engendra o tráfico humano e fatos que já custaram a vida de pessoas, fundamentalmente mulheres e crianças?
Era justo aplicar ao nosso povo um bloqueio econômico que tem durado quase 50 anos?
Era correta a arbitrariedade de exigir ao mundo o carácter extraterritorial desse bloqueio econômico que apenas pode gerar fome e escassez a qualquer povo?
Os Estados Unidos não podem satisfazer as suas necessidades vitais sem a extração de enormes recursos minerais de grande número de países que se vêem limitados à exportação dos mesmos em muitos casos sem processos intermediários de refinação, actividade que em geral, é conveniente para os interesses do império, são comercializados por grandes empresas transnacionais de capitais ianques.
Renunciará esse país a tais privilégios?
É por acaso compatível tal medida com o sistema capitalista desenvolvido?
Quando o senhor Obama promete investir consideráveis somas para auto-abastecer-se de petróleo, apesar de constituir hoje o maior mercado do mundo, que farão aqueles cujas receitas fundamentais provêm da exportação dessa energia, muitos deles sem outra fonte importante de receitas?
Quando a concorrência e a luta pelos mercados e fontes de empregos volte a desencadear-se depois de cada crise entre os que melhor e mais eficientemente monopolizem as tecnologias com sofisticados meios de produção, que possibilidades restam para os países não desenvolvidos que sonham com industrializar-se?
Por eficientes que sejam os novos veículos que a indústria automotriz alcance, serão por acaso esses procedimentos os que a ecologia demanda para proteger à Humanidade da deterioração crescente do clima?
Poderá a filosofia cega do mercado substituir o que apenas a racionalidade poderia promover?
Obama promete imprimir quantidades enormes de dinheiro na procura de tecnologias que multipliquem a produção energética, sem a qual as sociedades modernas se paralisam.
Entre as fontes de energias que promete desenvolver rapidamente inclui as centrais nucleares que já têm um número elevado de oponentes, pelos grandes riscos de acidentes com efeitos desastrosos para a vida, a atmosfera e a alimentação humana. É absolutamente impossível garantir que alguns de tais acidentes não aconteçam.
Sem necessidade alguma desses desastres acidentais a indústria moderna tem contaminado com as suas emanações tóxicas a todos os mares do planeta.
É correto prometer a conciliação de tão contraditórios e antagônicos interesses sem transgredir a ética?
Para comprazer aos sindicatos que o apoiaram na campanha, a Câmara de Representantes dos Estados Unidos, dominada pelos democratas, lançou a palavra de ordem "compre produtos estadunidenses", extremamente protecionista, que viola um princípio fundamental da Organização Mundial do Comércio, já que todas as nações do mundo, grandes ou pequenas, baseiam os seus sonhos de desenvolvimento no intercâmbio de bens e serviços, para o qual, contudo, apenas as mais grandes e de rica natureza têm o privilégio de sobreviver.
Os republicanos nos Estados Unidos, golpeados pelo descrédito o qual os levou ao disparatado governo de Bush, nem lentos nem preguiçosos tem encarado as complacências de Obama com os seus aliados sindicais. Desta maneira se esbanja o crédito que os votantes outorgaram ao novo Presidente dos Estados Unidos.
Como velho político e lutador, não cometo nenhum pecado ao expor modestamente estas idéias.
Poderiam formular-se todos os dias perguntas sem fáceis respostas a medida que são publicadas centenas de notícias provenientes das esferas políticas, científicas e tecnológicas que chegam a qualquer país.

Fidel Castro Ruz, Havana, 4 de fevereiro de 2009, 17h14

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