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sábado, 18 de outubro de 2008

Ofensas de Gabeira à população do subúrbio mostram o que ele é

Em sua suposta retratação, ele não retirou nada do que disse. Apenas considerou inoportuna a sua publicação. Quando o ex-governador Carlos Lacerda planejou remover as favelas da Zona Sul (e Norte), transferindo as suas populações para regiões da Zona Oeste, subúrbio do Rio de Janeiro, lembrou-se de uma localidade conhecida pelo nome de Paciência. Artigo de Sérgio Rubens, publicado no jornal Hora do Povo.


O projeto do apartheid carioca foi iniciado nos idos de 1964, sendo abandonado pouco tempo depois devido aos fortes protestos que suscitou. Entre eles, o famoso samba Opinião, do compositor Zé Keti, que dizia: “Podem me prender/ Podem me bater/ Podem até deixar-me sem comer/ Que eu não mudo de opinião/ Daqui do morro, eu não saio não”.
O segundo turno das eleições à Prefeitura do Rio de Janeiro trouxe Paciência de volta ao noticiário, quando o candidato Fernando Gabeira, numa lamentável exibição de autoritarismo, preconceito e desrespeito aos moradores da vasta região suburbana do Rio, atacou a vereadora Lucinha, do PSDB, partido que compõe a sua base eleitoral.
Gabeira afirmou aos berros, em conversa telefônica, com o vereador Stepan Nercessian (PPS), registrada por repórteres que o acompanhavam: “A Lucinha está com sapato alto. É uma analfabeta política. Tem uma visão suburbana e precária”.O que estava em questão era a divergência entre a vereadora e o candidato sobre sua recente declaração de apoio ao projeto do prefeito César Maia para despejar o lixo da cidade no bairro de Paciência, através da construção de um gigantesco aterro sanitário no local.
O mega-aterro, conhecido pelo sugestivo nome de Lixão da Zona Oeste ou Lixão de Paciência, está orçado em R$ 1 bilhão.

Paciência não é mais a mesma dos tempos de Lacerda – símbolo de uma direita hidrófoba que Gabeira aos poucos vai procurando personificar. O bairro abriga hoje uma população de 85 mil moradores e se encontra em expansão.
O site da vereadora Lucinha, que reside na Zona Oeste, informa que “A luta contra o Lixão de Paciência começou em 2004 e no ano de 2007 um decreto legislativo aprovado pela Câmara dos Vereadores impediu a sua criação”. Porém, o Zoneamento da região foi alterado por decreto, pelo prefeito César Maia.
“Eu compreendo que o problema do lixo da cidade precisa ser resolvido e a minha solução é a construção de vários aterros sanitários e não tudo concentrado em Paciência”, diz Lucinha. A vereadora acrescenta que “a Barra, Jacarepaguá e Zona Sul precisam cuidar do seu lixo, como a Zona Norte precisa ter seu aterro, e Paciência cuidará apenas da Zona Oeste”.
No entender de Gabeira, esta é “a visão suburbana e precária” de “uma analfabeta política”.
Ele, que se considera politicamente alfabetizado, primeiro negou o ato. “Não houve atritos. Ela vai compreender que isso não foi dito no telefone tal como os jornais disseram”, afirmou Gabeira, da forma dissimulada que tem usado nos momentos em que considera oportuno maquiar a sua transferência da esquerda para a direita.Dois dias depois, 11 de outubro, o candidato tentou encerrar o assunto com a suposta retratação apresentada através de uma nota que diz: “Não é racional afirmar que a vereadora mais votada do Rio e a líder estimada da Zona Oeste seja uma analfabeta política. Pelo contrário, é uma liderança de peso”.
Quanto à “visão suburbana e precária”, não retirou o que disse. Providencialmente, nada teve a declarar.
É fácil perceber que as palavras “racional” e “afirmar” não entraram de graça no texto. Ele podia, se quisesse mesmo se retratar, ter dito que “é errado achar” ou “é injusto pensar”. Mas adotou a fórmula “não é racional afirmar”. Ou seja, não é racional afirmar publicamente o que pensa da visão “precária” dos “suburbanos”, porque fazer isso numa eleição em que 70% dos eleitores moram no subúrbio não pode dar bom resultado.
Em sua passagem pela esquerda, até nisso a identidade com Lacerda não é mera coincidência, Gabeira deveria ter aproveitado para ler o poema de Brecht intitulado “O Analfabeto Político”. Não lhe tomaria o precioso tempo, porque é menor que uma orelha de livro, e evitaria que ele seguisse citando-o em indevidos contextos. Talvez pudesse ter aprendido algo com os últimos versos, que afirmam: “o pior de todos os bandidos é o político vigarista e lacaio dos grandes interesses empresariais”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Moro em Cosmo Bairro ao lado de Paciência e digo:Gabeira NÃO!!

Anônimo disse...

Gabeira: NÂO !!!!!!!!!